
“A linguagem constitui o arame farpado mais poderoso para bloquear o acesso ao poder.” (Gnerre,1998.)
O instrumento fundamental para acumulação e transmissão de informações e conhecimentos é a linguagem. A linguagem e as palavras são as bases para construção do conhecimento de cada um acerca do mundo, conhecer o quê, como e o para quê das coisas no mundo. É o contato e a transmissão de informações e conhecimentos que nos torna sujeitos em uma sociedade.
A linguagem proporciona a compreensão da realidade, concepção de mensagens, expressão de pensamentos, é instrumento de comunicação e interação entre indivíduos sua produção e reprodução é fato cotidiano, pois apartir da necessidade de comunicação e transmissão de informações surge a linguagem.
Para cada grupo social existe uma variante lingüística característica do contexto histórico social no qual está inserido. A mensagem esta disponível em diversas formas, e as interpretações dos leitores são contextualizadas sócio-historicamente, e poderão ser diferentes entre os diversos grupos sociais, pois a construção do sentido de determinado texto se dá numa complexa relação do leitor com o texto.
Gnerre considera a linguagem como uma possível ferramenta de dominação, de impedir o acesso de algumas classes ao poder.
Um texto pode marcar inclusão ou exclusão dos leitores em determinado espaço, pois a mensagem esta a acesso de todos, mas a interpretação depende da contextualização do leitor e de alguns conhecimentos prévios que possui apenas um grupo social a qual mensagem foi direcionada.
A variação lingüística dos detentores do poder foi proposta como a “correta” e difundiram que essa variante era superior e neutra. Nessa perspectiva considera a linguagem como meio para conservar o poder dos dominantes sobre os dominados. Os detentores do poder que usam a linguagem padrão culta aprenderam a interpretar os sentidos que podem conter ou não em um texto e a produzir sentidos na mensagem, enquanto, ao alfabetizar os alunos de classes menos favorecidas, os esforços dos professores não garantem que eles aprendam o uso legitimo da linguagem proposta como a culta ou “correta”, pois o contexto social no qual estão inseridos não é comum o uso desta linguagem, além disso, os alunos menos favorecidos apreendem a decodificar a mensagem, mas não estão incluídos no processo sócio histórico de construção do sentido da linguagem culta padrão. Evidenciando esta relação de desigual poder que a linguagem propicia.
Contudo, analisando a frase de Gnerre, o arame farpado associado à linguagem subentende-se a idéia de que a linguagem é excludente, e esta relação de poder do conhecimento, em que determinado grupo social possui excluindo os demais do acesso a interpretação da informação, do conhecimento transmitido pela mensagem, ou construção de conhecimento. Esta exclusão é sócio-histórica, os grupos sociais excluídos apenas a lêem, mas não concebem a mensagem enquanto os detentores do poder constroem e interpretam facilmente a mensagem comum a linguagem padrão determinada.
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